quarta-feira, 11 de novembro de 2009

SAIDEIRA: UMA ÓTIMA NOTÍCIA

Antes de deixar o blog e o restaurante para curtir 30 dias de ócio criativo, o Mestre Cuca dá a notícia que todos nós queremos ler:

CCJ da Câmara aprova diploma para jornalista
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou há pouco, por unanimidade, e com o voto em separado de Zenaldo Coutinho, a PEC 386/09, do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que restabelece a exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista. A CCJ aprovou a PEC quanto à admissibilidade, segundo o parecer favorável do relator, deputado Maurício Rands (PT-PE). A PEC seguirá agora para uma comissão especial, que será criada para analisá-la. Posteriormente, a proposta precisará ser votada em dois turnos pelo Plenário.


É a primeira batalha vencida, ainda há muito a lutar. Mas vamos em frente, a luta continua!!!

Pra quem quiser contar um conto...

O Mestre Cuca, que sai em férias nesta sexta-feira, deixa o restaurante à mercê dos auxiliares de cozinha, quitutes e outros jornalistas/cozinheiros que quiserem colaborar com futuros pratos do dya. Mas faz um convite: quem quiser contar um conto, que dê uma passadinha no blog Inventor de Histórias, mais uma bela refeição virtual neste cyber-mundo-ervilha.
Beijos e até breve ou, quem sabe, até 2010!

domingo, 1 de novembro de 2009

Mobilizações

Estudantes e professores de Jornalismo, profissionais de comunicação, parlamentares e várias lideranças preparam, para o dia 24 de novembro, a realização de um grande manifesto público e cívico em defesa do diploma, da ética e da melhor qualificação para o exercício da profissão. Em encontro com estudantes de Jornalismo na Faculdade Pinheiro Guimarães, na semana passada, a presidente do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio, Suzana Blass, defendeu o restabelecimento da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão.
A mobilização que está sendo preparada para o dia 24 de novembro começará às 9 horas, em frente à Reitoria da Universidade Federal da Bahia. "Não é verdade, como defendeu a maioria dos ministros do Supremo, que a exigência do diploma fere o princípio constitucional da liberdade de expressão. Ora, nenhum cidadão tem sua liberdade de expressão cerceada no Brasil. Ao contrário, toda a mídia está com seus espaços escancarados para a livre manifestação de opinião. Aí estão os jornais, com a publicação de cartas, artigos, etc. Aí estão os microfones das emissoras de rádio. Aí estão as emissoras de TV, os blogs", sustenta o jornalista Ipojucã Cabral, diretor da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), uma das entidades que preparam o ato. "O que defendemos, sim, é que, para o exercício cotidiano do Jornalismo, nas redações, como profissão, seja obrigatória a formação superior, o diploma", completa.
Uma das propostas em debate na Bahia é a criação do "Selo Azul", a ser entregue às empresas de comunicação que só contratem, para seus quadros de redação, jornalistas com formação superior em curso de Jornalismo. Isso, enquanto o Congresso não aprovar pelo menos uma das duas PECs que tratam da obrigatoriedade do diploma de Jornalismo.
"Jornalista se forma com teoria, prática e ética", diz presidente do SindicatoNo encontro com estudantes de Jornalismo na Faculdade Pinheiro Guimarães, a presidente do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio, Suzana Blass, falou sobre a importância de se restabelecer a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. Aberto aos estudantes das demais faculdades, o debate fez parte de um especial sobre a história do diploma para jornalista, que foi produzido pelo programa Boca Livre.
Suzana falou sobre as atividades que a FENAJ e os Sindicatos da categoria desenvolvem em todo o País para sensibilizar a população e a classe política sobre o assunto. No encontro, transmitido pela rádio web da Rede FPG, a presidente do Sindicato disse que a regulamentação da profissão de jornalista não limita o acesso aos meios de comunicação porque quase metade do espaço editorial dos jornais é escrito por pessoas que não são jornalistas, mas que emitem opinião por meio de colunas e artigos assinados.
Na opinião de Suzana, a formação superior é um critério democrático para o acesso à profissão, enquanto a outra opção seria autocrática, ou seja, o dono de um jornal ou TV decidindo quem vai ou não ser jornalista. "A prática profissional, o jornalismo, deve ser exercido por quem se habilita na teoria, além de dispor de técnicas específicas e de uma ética determinada", esclareceu.
ApoioO Conselho Federal de Serviço Social realizou, nos dias 6 a 9 de setembro, em Cuiabá (MT), seu 38º Encontro Nacional, com participação dos Conselhos Regionais de Serviço Social e delegados eleitos em assembleias em todos os Estados. No evento, foi aprovada posição contrária à decisão do STF que extinguiu a exigência do diploma para o exercício do Jornalismo.
Com informações da Associação Bahiana de Imprensa e do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro.

Censura???

Votação da PEC dos Jornalistas é adiada novamente Ao contrário do que se esperava a Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados não apreciou, nesta quarta-feira, a Proposta de Emenda Constitucional 386/09. Numa iniciativa protelatória, o deputado Zenaldo Coutinho (PSDB-PA) apresentou voto contrário a PEC dos Jornalistas no dia anterior. Apoiadores da proposta concentrarão esforços para que a proposta seja votada na reunião da CCJC do dia 4 de novembro.
Identificado com os interesses dos empresários de comunicação, na justificativa de seu voto em separado Zenaldo Coutinho usou os mesmos argumentos das entidades patronais para se posicionar contra a PEC dos Jornalistas. Sua iniciativa se coaduna com a estratégia empresarial que, na semana passada, através da publicação de artigo da presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Judith Brito, em veículos de comunicação de todo o país, buscou influenciar o posicionamento dos membros da CCJC.
Autor da PEC dos Jornalistas, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) classificou como um tipo de "censura" tanto a prática da grande mídia, que restringe o acesso ao debate quando concede espaço somente a uma versão dos fatos, como a tentativa de barrar a votação da Proposta na CCJ. "É estranho que aqueles que se dizem defensores da liberdade de expressão revelem na prática exatamente o inverso, manipulando e restringindo a discussão. Desde que se começou a cogitar a votação da PEC na CCJ, iniciaram, estrategicamente, movimentos para impedir a análise da Proposta, o que considero uma prática anti-democrática", critica.
Pimenta adianta que, para a próxima semana, juntamente com a FENAJ, o relator da PEC dos Jornalistas, deputado Maurício Rands (PT-PE) a líder da Frente Parlamentar em Defesa do Diploma, deputada Rebeca Garcia (PP-AM) e com o deputado Mauricio Quintella Lessa (PR-AL) serão desenvolvidos esforços para que a PEC seja votada na reunião da CCJC do dia 4 de novembro.
Há expectativa, também, de que no mesmo dia os deputados Paulo Pimenta, Maurício Rands e Rebeca Garcia sejam recebidos pelo presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, para discutir uma alternativa à decisão que extinguiu com a exigência do diploma.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

É preciso reconceituar o jornalismo

Marcelo Salles*
Não faz mais nenhum sentido chamar de Jornalismo o que fazem as corporações de mídia. Quem se preocupa com o lucro em primeiro lugar não é uma instituição jornalística. Não pode ser. Quando uma empresa passa a ter como principal meta o lucro, essa empresa pode ser tudo, menos uma instituição jornalística. E aí não importa a quantidade de estrutura e dinheiro disponível, pois a prática jornalística é de outra natureza. Exemplo: eu posso passar uma semana no Complexo do Alemão com um lápis e um bloco de papel. Posso chegar até lá de ônibus. Posso bater o texto num computador barato. Mesmo assim, se a publicação para onde escrevo for jornalística, vou ter mais condições de me aproximar da realidade do que uma matéria veiculada pelas corporações de mídia.
Essas podem dispor de toda a grana do mundo, de carro com motorista, dos gravadores mais caros, das melhores rotativas, de alta tiragem e de toda a publicidade que o dinheiro pode comprar. No entanto, se não forem instituições jornalísticas, elas dificilmente se aproximarão da realidade da favela, isso quando não a distorcem completamente.
Existem outros exemplos para além da questão da favela. É o caso dos venenos produzidos pelas Monsantos da vida, que nunca são denunciados pelas corporações de mídia. Ou da retomada dos movimentos de libertação na América Latina, vistos como "ditatoriais"; a perseguição aos movimentos sociais e aos trabalhadores em geral; a eterna criminalização da política, de modo a manter as instituições públicas apequenadas frente ao poder privado. Enfim, você pode olhar sob qualquer ponto de vista que não vai enxergar Jornalismo.
Isso precisa ficar bem claro. Claro como a luz do dia. Para que as corporações pareçam ridículas quando proclamarem delírios do tipo: "somos democráticas", "únicas com capacidade de fazer jornalismo", "imparciais" e por aí vai. Fazer Jornalismo não tem esse mistério todo. Em síntese, é você contar uma história. Essa história deve ter alguns critérios que justifiquem sua publicação. Alguns deles aprendemos nas faculdades e são válidos; outros são ensinados, mas devem ser vistos com cautela. E outros simplesmente ignorados. Mas, no fundo, o importante é ser fiel ao juramento do jornalista profissional: "A Comunicação é uma missão social. Por isto, juro respeitar o público, combatendo todas as formas de preconceito e discriminação, valorizando os seres humanos em sua singularidade e na sua luta por dignidade".
Essa frase, quase uma declaração de amor, não é minimamente observada pelas corporações de mídia. Vejamos: elas não têm espírito de missão, não respeitam nada, nem as leis, estimulam o preconceito, discriminam setores inteiros da sociedade, violam os direitos humanos e não sabem o significado da palavra "dignidade".
Mas por que o Jornalismo é tão importante para uma sociedade? Porque hoje, devido ao avanço tecnológico dos meios de comunicação - são praticamente onipresentes nas sociedades contemporâneas -, a mídia assume uma posição privilegiada no tocante à produção de subjetividades. Ou seja, a mídia, mais do que outras instituições, adquire enorme poder de produzir e reproduzir modos de sentir, agir e viver. Claro que somos afetados por outras instituições poderosas, como Família, Escola, Forças Armadas, Igreja, entre outras, mas a mídia é a única que atravessa todas as outras.
Fica claro, portanto, que uma sociedade será melhor ou pior dependendo dos equipamentos midiáticos nela inseridas. Se forem instituições jornalísticas sólidas e competentes, mais informação, dignidade, mais direitos humanos, mais cidadania, mais respeito, mais democracia. Se forem corporações pautadas pelo lucro, ou seja, entidades não-jornalísticas, menos informação, menos dignidade, menos direitos humanos, menos cidadania, menos respeito, menos democracia.
É por isso que eu sempre digo aqui, neste modesto, porém Jornalístico espaço: as corporações de mídia precisam ser destruídas, para o bem da humanidade! Em seu lugar vamos construir instituições jornalísticas. Ponto.

* Jornalista, coordenador da Caros Amigos no Rio de Janeiro e editor do site Fazendo Media www.fazendomedia.com, no qual este artigo foi publicado em 07/10/2009

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O que é ser jornalista?

FENAJ, JORNALISMO & ASSESSORIA

Por Eugênio Bucci em 15/9/2009
Até há poucos meses, a pergunta acima poderia embaraçar uns ou outros, mas não era tão grave. A Lei de Imprensa ainda vigia no Brasil. O diploma de curso superior com habilitação em jornalismo era obrigatório para o exercício da profissão. E, com base no diploma obrigatório, havia um mínimo de regulamentação para estabelecer, ainda que precariamente, o que era essa figura chamada de jornalista profissional. Agora, olhe bem à sua volta: o diploma caiu, a Lei de Imprensa deixou a vida para entrar na pré-história e a regulamentação, bem, a regulamentação não é nada nem ninguém. Ela não existe mais. Isso significa que, se alguém for perguntar à Lei o que é um jornalista, não encontrará resposta alguma. Se os olhos da sociedade se voltarem à Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), encontrará o mesmo vazio. A Fenaj não define satisfatoriamente o que é um jornalista. Não definia antes – e, agora, muito menos.
O Código de Ética da Fenaj afirma que o jornalista é tanto o assessor de imprensa como o jornalista propriamente dito. Trata-se de uma ambivalência insustentável. Jornalistas são pagos para perguntar o que a sociedade tem o direito de saber; assessores são pagos para responder aquilo que seus clientes ou empregadores gostariam que a sociedade tomasse por verdade. Não que assessores desempenhem funções estruturalmente indignas ou ilegítimas, longe disso: eles desempenham um papel indispensável na comunicação social; apenas desempenham um papel que não se confunde, nem pode pretender se confundir, com o papel da imprensa. Por isso, tenho sustentado que o Código de Ética da nossa categoria repousa sobre um conflito de interesses.
Retomo, então, a pergunta ali de cima: o que é ser jornalista segundo os jornalistas brasileiros, que, até prova em contrário, são representados pela Fenaj? Antes, quando a Lei definia mais ou menos – bem mais ou menos mesmo – o que era um jornalista, a resposta ambígua da Fenaj não encerrava um problema tão sério. Agora, quando a Lei já não responde coisa alguma, a resposta ambígua se converte numa lâmina mortal contra a própria categoria.
Jornalistas são agentes da independência editorial – assessores, não
Por que o jornalista é tão essencial para a democracia? O Código de Ética da Fenaj não responde. E não responde porque não sabe definir o que, afinal de contas, é um jornalista. Se ele tenta fazer crer que a definição de profissional de imprensa independe dos interesses a que serve esse profissional, contribui para aumentar o embaralhamento em lugar de promover o esclarecimento. O que define o jornalista, nós sabemos, é a independência que ele guarda em relação ao poder do Estado e ao poder econômico. Agora, se o assessor de imprensa pode, segundo o nosso Código de Ética, ser entendido como jornalista, o requisito da independência cai por terra. Assessores não precisam ter compromisso com a independência editorial.
Com isso, a própria definição de imprensa se esfumaça, uma vez que não é possível presumir que a função de assessoria, que não pressupõe independência, atenda às exigências conceituais da instituição da imprensa. Se a sociedade buscar respostas para a pergunta incômoda ali de cima no Código de Ética da Fenaj, ficará a ver navios.
Escrevo isso com uma ponta de dor. Sou filiado ao Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo. Sou, portanto, membro da Fenaj. Contribuo regularmente com o sindicato. Voto em todas as eleições da entidade. Mas constato, entristecido, que, na hora difícil que vivemos, a nossa representação sindical não nos ajuda a esclarecer por que a democracia precisa de jornalistas. Constato, enfim, que, se a Lei não mais demarca o que vem a ser o profissional da imprensa, tampouco as nossas associações livres são capazes de fazê-lo.
As contradições do nosso código
Insisto nesse ponto há vários anos. No dia 31 de março de 2006, defendi essa posição no Primeiro Seminário Nacional de "Ética no Jornalismo", organizado pela Fenaj e pelo Sindicato dos Jornalistas de Londrina e Região, em Londrina (PR). Depois, neste mesmo Observatório, publiquei um artigo a respeito do assunto (ver "Profissões diferentes requerem códigos de ética diferentes"). Mais recentemente, em julho de 2009, o tema foi objeto de um capítulo do meu livro A imprensa e o dever da liberdade, editado pela Contexto. Volto à carga, uma vez mais. Volto à carga porque a pergunta que antes poderia ser embaraçosa, agora é apenas crucial.
O artigo 4 do código, em sua nova versão, aprovada em Congresso da categoria em 2008, estabelece que:
"O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação."
Interrogação: esse princípio normativo tem validade também para os assessores de imprensa? A resposta é duvidosa, mas parece ser negativa, de acordo com o próprio código. Uma evidência dessa ambigüidade aparece no artigo 12, inciso I, segundo o qual "o jornalista deve":
"...ressalvadas as especificidades da assessoria de imprensa, ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, o maior número de pessoas e instituições envolvidas em uma cobertura jornalística, principalmente aquelas que são objeto de acusações não suficientemente demonstradas ou verificadas".
Grifei de propósito a expressão "ressalvadas as especificidades da assessoria de imprensa". Ela aparece no nosso código para dizer que, para os profissionais que exercem funções de assessoria da imprensa, supostamente regidos pelos mesmos parâmetros, as exigências naturais que pesam sobre os profissionais de imprensa não valem da mesma forma. A Fenaj, hoje, procura acomodar dentro de um só código duas éticas diferentes: a do jornalista e a do assessor. Esse hibridismo é tão malabarístico que, por vezes, o código precisa abrir licenças táticas para os assessores, de modo que eles não se sintam obrigados a observar os deveres da imprensa.
É bem esse o caso do artigo 12, que desobriga os assessores de "ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, o maior número de pessoas e instituições envolvidas em uma cobertura jornalística, principalmente aquelas que são objeto de acusações não suficientemente demonstradas ou verificadas". O assessor, então, também é jornalista, mas não tanto assim.
Há outras contradições flagrantes. O artigo 7, por exemplo, dispõe:
"O jornalista não pode:
"(...)
"II - submeter-se a diretrizes contrárias à precisa apuração dos acontecimentos e à correta divulgação da informação;
"(...)
"VI - realizar cobertura jornalística para o meio de comunicação em que trabalha sobre organizações públicas, privadas ou não-governamentais, da qual seja assessor, empregado, prestador de serviço ou proprietário, nem utilizar o referido veículo para defender os interesses dessas instituições ou de autoridades a elas relacionadas;"
Fixemo-nos no que diz o inciso II desse artigo: "o jornalista não pode submeter-se a diretrizes contrárias à precisa apuração dos acontecimentos e à correta divulgação da informação". Pergunte-se: esse inciso não contradiz o disposto no inciso I do artigo 12 que acabamos de ver, aquele mesmo que concede, ao assessor de imprensa, uma dispensa de "ouvir o maior número de pessoas e instituições"? Como um assessor de imprensa, encarregado por dever de ofício a prestigiar apenas um dos lados de um acontecimento, pode ser obrigado a observar a "precisa apuração dos acontecimentos"? Ele ouvirá todos os lados? Se não, por que, aqui também, não lhe foi outorgada a dispensa de cumprir os deveres do jornalista? Será que os redatores do código se distraíram?
Examinemos agora o inciso VI do mesmo artigo 7. Dele resulta muito claro que o jornalista "não pode realizar cobertura jornalística para o meio de comunicação em que trabalha sobre organizações públicas, privadas ou não-governamentais, da qual seja assessor, empregado, prestador de serviço ou proprietário, nem utilizar o referido veículo para defender os interesses dessas instituições ou de autoridades a elas relacionadas".
Portanto, é indiscutível, o código confere uma autorização tácita para que o profissional acumule duas funções, a de repórter num veículo jornalístico e a de assessor de alguma repartição. Será que esse acúmulo de funções é desejável para a ética de imprensa? Dez entre dez bons jornalistas responderão que não. Não obstante, só o que o código não autoriza é que esse profissional faça reportagem para esse veículo jornalístico sobre a entidade para a qual trabalhe como assessor. Pior ainda: segundo o mesmo código, o profissional agirá eticamente se realizar, por exemplo, uma reportagem sobre a entidade rival àquela que o emprega como assessor. Desse modo, o assessor de imprensa de um time de futebol poderá escrever uma matéria sobre o time adversário para um veículo em que trabalhe, digamos, como editor. E não incorrerá, segundo o mesmo código, em nenhuma falta ética. Só o que ele não pode é escrever sobre o lugar em que trabalha como assessor. Novamente, a contradição é chocante.
Assessor tem direito ao sigilo da fonte?
As contradições do nosso Código de Ética são ainda mais perversas do que isso. O que aconteceria no caso de um conflito institucional entre assessores e repórteres? De que lado ficariam as nossas entidades representativas? Quando um assessor busca preservar o seu cliente, cumprindo, assim, sua função legítima (ainda que não jornalística), e um jornalista insiste em entrevistá-lo, de que lado ficaria a Fenaj? Se assessores de imprensa também são jornalistas, tanto quanto os repórteres investigativos, por que é que a sociedade precisa de redações independentes?
Pensemos na figura do sigilo da fonte. Segundo a Constituição, artigo 5, inciso XIV, "é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional". Também o nosso Código de Ética, o da Fenaj, reafirma o direito ao sigilo da fonte. Mas atenção: assessores têm o mesmo direito? Se não têm, por que não têm? A resposta é muito simples: porque o seu ofício é radicalmente distinto do ofício do jornalista.
Os problemas desse código híbrido são variados e profundos. São mais numerosos do que os apontados aqui. Agora, nessa hora traumática, em que a Lei já não define a identidade dos profissionais de imprensa, nós temos apenas a nossa ética – que deveria vir expressa no nosso código – para nos afirmarmos como categoria específica, diferenciada, indispensável para a democracia. Pois bem: quem somos nós, os jornalistas? Infelizmente, o Código de Ética da Fenaj não nos ajuda nisso.
No mínimo, a Fenaj deveria providenciar a subdivisão de seus cânones, redigindo um conjunto de normas para jornalistas e outro para assessores. No máximo, deveríamos contar com entidades diferentes para representar as duas categorias profissionais. Enquanto não providenciamos nem uma coisa nem outra, vamos afundando nas ambigüidades e nas contradições sindicais, que, lamentavelmente, só fazem jogar confusão na nossa identidade institucional.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Lançada a Frente Parlamentar em Defesa do Diploma

Um café da manhã bastante concorrido na Câmara dos Deputados, segundo informações da Fenaj, marcou, na quarta-feira (23/9), o lançamento da Frente Parlamentar em Defesa do Diploma, que já conta com a participação de 203 deputados e 12 senadores. A coordenadora da Frente, Deputada Rebecca Garcia (PP/AM), anunciou que nos próximos dias fará contatos para encaminhamento de matérias de interesse dos jornalistas e da PEC 386/09, que restabelece a exigência do diploma para o exercício da profissão. O lançamento da Frente foi prestigiado por 31 deputados, dois senadores, pelos dirigentes da Fenaj, Sérgio Murillo de Andrade, Antônio Paulo, Aloísio Lopes e Arthur Lobato, e pelos presidentes dos Sindicatos dos Jornalistas de São Paulo, Amazonas, Distrito Federal e Município do Rio de Janeiro (Guto Camargo, César Vanderley, Romário Schettino e Suzana Blass, respectivamente). Homenageando a categoria, a deputada Rebecca Garcia convidou para compor a mesa que coordenou o ato a deputada Manuela D'Ávila (PCdoB/RS), o deputado Emiliano José (PT/BA), que são jornalistas, além do presidente da Fenaj, Sérgio Murillo. Rebecca anunciou que a primeira ação da Frente será o contato com a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados para encaminhamento da PEC 386/09, a PEC dos Jornalistas. Outra ação será a retomada de contato com o presidente da Casa, Michel Temer (PMDB/SP), para solicitar a instalação de uma Comissão Especial para analisar todas as matérias de interesse dos jornalistas que tramitam no Congresso Nacional. A coordenadora anunciou, também, que é objetivo da Frente realizar um seminário em outubro sobre as propostas de elaboração de uma nova Lei de Imprensa, de caráter democrático. Autor da PEC dos Jornalistas que tramita na Câmara, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), informou que o relator da matéria, o deputado Maurício Rands (PT/PE) vai apresentar seu parecer na CCJC na primeira semana de outubro. "Nosso objetivo é acelerar a tramitação desta matéria e a instalação desta Frente Parlamentar vai ajudar bastante neste sentido", avaliou. Já o presidente da Fenaj registrou a grande expectativa dos jornalistas brasileiros com relação ao posicionamento do Congresso Nacional após a decisão do Supremo Tribunal Federal que extinguiu com a exigência do diploma para o exercício do jornalismo, gerando uma crise que ameaça a própria regulamentação da profissão. "Esse é o lugar apropriado, no Congresso Nacional, para encontrarmos um meio de contornar essa ameaça séria que hoje paira sobre a profissão que é a desregulamentação geral, situação que não interessa à categoria e degrada o direito do cidadão de ter informação com qualidade", destacou.
FONTE: SJSP

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Boa sorte aos que ficam

Mais uma barca passou sem carregar o Mestre Cuca. Já são três no atual restaurante, quatro se contar uma limpa em Porto Alegre. Pelo jeito o salário do Mestre Cuca é tão baixo que não ameaça o fluxo de caixa do poderoso grupo para o qual cozinha diariamente. Ou os pratos do dya oferecidos ainda não se tornaram tão indigestos.
Não sei se Mestre Cuca agradece ou lamenta. Mas segue a rotina.
A cozinha é a mesma, mas ideias são novas. Vamos lustrar as baixelas, arear as panelas, tirar o ranço e começar tudo de novo, para fazer refeições melhores com os mesmos ingredientes daqui pra frente.
Fica a saudade daqueles que não mais passarão os dias nesta cozinha com a gente e o desafio de tocar o barco sem a experiência dos chefs que foram para outros bistrôs ou se retiraram do metier.
Boa sorte aos que ficam.
Bora pra frente!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

La Barca


É com pesar que o blog Pra todo Dya anuncia mais uma barca na imprensa catarinense. E o Mestre Cuca faz aqui uma breve homenagem àqueles que fizeram o jornalismo diário do jornal de maior circulação de Santa Catarina, pelo menos nos últimos 10 anos.
A reunião que consagra as novas mudanças ainda está por vir, mas como cozinheiros são pessoas bem informadas, algumas alterações já chegaram na cozinha, lamentadas por chefs, auxiliares e saladeiros de plantão.
Enquanto a profissão de jornalista continuar no limbo, mais barcas passarão nas redações e cozinhas deste país, levando bons profissionais e colocando em seus lugares cozinheiros mais baratos a serviço das poucas famílias que dominam a culinária neste país.
Continuam achatando nossos salários de forma esmagadora, literalmente.
Lamentável. Dá mesmo vontade de partir em busca de novas cozinhas.

Jornalistas no STF, já!

Por Laércio Pimentel
No princípio, Deus criou o céu e a terra (...). Talvez devamos partir daí para explicar ao egrégio Supremo Tribunal Federal (STF) que o Jornalismo principia da Comunicação, a qual não cabe apenas na síntese de mera troca de mensagens entre interlocutores, mas, como bem sabemos, numa ciência.
A comunicação é fundamentada pela soma de diversas faculdades, transacionando vastos conhecimentos que se pautam nas raízes da própria história, recrudescendo pelas veias da sociologia, psicologia, antropologia, filosofia e outras valorosas ciências do conhecimento humano. Portanto, pobre daquele que vê na função do jornalismo o simples pressuposto da captação e transmissão de notícias, pois se assim fosse, então deveríamos abrir parênteses para a admissão maciça dos "amigos" psitaciformes - também conhecidos como papagaios.
A análise dos fatos, informações e interpretações das notícias soam tal quais as características e similaridades do julgamento de um processo, o qual os detentores da balança da justiça exercem com os mesmos parâmetros de formação dos bacharéis em Comunicação, porém com o competente exercício e aplicação do conhecimento jurídico adquirido nas faculdades de Direito; o que mais uma vez se equivale ao bacharel em Comunicação, habilitado em Jornalismo, detentor das técnicas e da ciência necessária ao pleno exercício da profissão. Se assim não for, há de se abrir vagas aos jornalistas que desejem postular uma cadeira no nobre STF.
Tratar o jornalismo e, por extensão, a ciência da comunicação como roupagem de prato culinário, é preconceito pela falta de conhecimento. Não há fator de igualdade, nem tampouco similaridade, para que os nobres companheiros da culinária, ou de qualquer outra valorosa profissão, possam se travestir de jornalistas, e nem bacharéis de Comunicação vistam "capas pretas" e se achem no direito ao Direito. Como diria o jurista Rui Barbosa: "A regra da igualdade não consiste senão em aquinhoar desigualmente os desiguais, na medida em que se desigualam. Tratar com desigualdade a iguais ou desiguais com igualdade seria desigualdade flagrante e não igualdade real."
O caminho da verdadeira democracia é pavimentado pelo fortalecimento de suas instituições, pelo pleno e verdadeiro exercício de liberdade de expressão. Visto que o que passou, passou, cabe agora ao Legislativo corrigir o errôneo julgamento e devolver a prática do jornalismo a quem de direito.
FONTE: FENAJ

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Fujão

Gilmar Mendes não comparece à audiência sobre diploma de Jornalismo
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, não compareceu à audiência pública que discute a regulamentação de profissão de jornalista. Na audiência, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, defendeu a regulamentação da profissão para garantir a qualidade técnica e ética na profissão.
Em seu entendimento, a liberdade de expressão é um princípio da Constituição, mas ela mesma cria restrições para aperfeiçoar o exercício dessa liberdade, como a proibição do anonimato, a preservação da imagem e o direito de resposta.

Congresso deve legislar sobre o tema
A presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara, deputada Maria do Rosário (PT-RS), também se mostrou favorável à exigência do diploma. Em sua opinião, a decisão do STF deve ser questionada e cabe ao Congresso legislar sobre o tema.
O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Sérgio Murillo de Andrade, defendeu que o decreto que instituiu a obrigatoriedade do diploma não “foi feito por causa da ditadura, mas apesar da ditadura”. Ele lembrou ainda que, mesmo com a exigência da graduação, os veículos de comunicação não estão restritos aos formados.
"Não pode ser feita confusão entre opinião e o exercício do jornalismo", afirmou, lembrando que cerca de 40% dos profissionais das redações não são jornalistas.

Deputados defendem aprovação de propostas
Vários deputados também estiveram presentes à audiência e defenderam o retorno da obrigatoriedade do diploma. Jô Moraes (PCdoB-MG) defendeu a aprovação pelo Congresso das propostas que tratam sobre o tema. Fernando Ferro (PT-PE), afirmou que o tema é sensível porque parte dos parlamentares é comprometida por possuírem vínculos de propriedade com veículos de comunicação.

Com informações da Agência Câmara.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Pesquisa aponta que 84% querem o diploma

Pesquisa feita pela Escola de Comunicação do Comunique-se mostra que 84% dos profissionais formados em Jornalismo discordam da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de acabar com a obrigatoriedade do diploma, como ilustra o gráfico ao lado.
Foram colhidas em âmbito nacional as opiniões de 682 pessoas da área de comunicação — estudantes e profissionais não-diplomados, inclusive. Confira os resultados:

Apenas 11% dos jornalistas formados e dos estudantes de Jornalismo concordam com a decisão do STF. Outros 5% são neutros e 84% são contra.

Entre profissionais sem formação em Jornalismo — e que já atuam em Comunicação — as opiniões se dividem: 45% aprovam e 42% reprovam o fim da obrigatoriedade do diploma.

De cada 10 jornalistas formados, 5 acreditam que vão sofrer impacto negativo em suas carreiras e 4 entendem que não haverá impacto no mercado. Apenas 1 está otimista.

Em linhas gerais, existe a seguinte relação: quem concorda com a decisão do STF acredita que o mercado não sofrerá nenhum impacto com ela. Quem discorda do STF entende que ou o impacto será negativo ou não haverá impacto.

A maioria dos entrevistados (66%) pensa que o curso de Jornalismo vá perder importância com o fim da obrigatoriedade do diploma, 22% acreditam que nada vá mudar para as faculdades, 9% acreditam que as faculdades ganhem força e 3% não opinaram.

E você é contra ou a favor da obrigatoriedade do diploma de Jornalista para o exercício da profissão? Vote no Pra todo Dya.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Por isso ele não veio a Floripa

“Cerco a Gilmar Mendes”
Manifestações em Santos, Campina Grande, Aracaju e Porto Alegre marcaram a semana passada na luta dos jornalistas e da sociedade em defesa do diploma. O presidente do STF, Gilmar Mendes, foi alvo de protestos. Gilmar Mendes foi recebido sob vaias e intenso protesto por mais de 500 manifestantes em Santos, onde participou da Semana Jurídica na Universidade Santa Cecília.
Estudantes, jornalistas e vários sindicalistas entraram no plenário, onde ocorreu a palestra, gritando "Fora Gilmar" e distribuindo panfletos. Carro de som, apitos e narizes de palhaço animaram a manifestação.
Em Campina Grande, mais de 600 pessoas participaram de um grande ato de protesto contra a extinção da exigência do diploma. Vestindo roupas pretas, munidos de apitos, panelas e cartazes, os manifestantes queimaram um boneco representando o presidente do STF.
Na sexta-feira, cerca de 200 manifestantes protestaram contra o presidente do STF na porta do Teatro Tobias Barreto, em Aracaju (SE). O ato, serviu também para fortalecer a campanha nacional “Gilmar Mendes, saia às ruas... e não volte ao STF!”, que pede a saída do ministro do Supremo.
Em Porto Alegre, no dia 15, o ministro foi recepcionado por um grupo de jornalistas portando faixas e cartazes em favor da profissão e contra a decisão do STF. Depois da palestra, Mendes aceitou receber a comissão de jornalistas, que cobrou do ministro a publicação do acórdão com a decisão do STF e que este documento estabeleça critérios para o exercício da profissão, já que a partir da decisão do STF qualquer pessoa, sem qualquer formação, pode exercer o jornalismo.
Alguém ainda quer saber por que ele não veio a Florianópolis???

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Desistiu

O genial magistrado Gilmar Mendes arrepiou, desistiu, amarelou, cagou-se, enfim.
Não vem mais a Florianópolis.
Dizem que não é homem de sair às ruas.
Claro, não tem coragem.
Cagão

Preparem a artilharia

Gilmar Mendes na UFSC segunda-feira às 19h???

Convoco a todos os cozinheiros de plantão a encarar o homem: armados de tomates e ovos.

Ha Ha Ha

Na contramão do GM

Pra ser jornalista não precisa de diploma, mas pra ser nerd precisa.

Esse país é uma piada


Do blog do Tas


Tem gente otimista que pensava que o Senado havia chegado ao fundo do poço. Qual o quê! Tramita na casa dos horrores um projeto que pode ser aprovado a qualquer instante de regulamentar, entenda-se controlar, a profissão de nerd!

Isso mesmo: querem exigir diploma para "analista de sistemas", um termo da década de 70, obrigando qualquer programador ou designer de software a ter, obrigatoriamente, curso de "processamento de dados", outro termo daquela década onde está estacionada até hoje a cabeça dos senadores e de alguns espertalhões que estão de olho na contribuição do futuro sindicato desses "analistas".

terça-feira, 18 de agosto de 2009

SC joga pá de cal no falecido canudo



Com o fim do diploma, justiça enquadra diagramador como jornalista

Do Portal Comunique-se

O Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina aceitou pedido de registro de jornalista feito por um diagramador do jornalMunicípio Dia-a-Dia, da cidade de Brusque. Os juízes da 1ª Turma rejeitaram o voto da relatora e mantiveram decisão de primeira instância por entenderem não ser necessário o diploma de Jornalismo para o exercício da profissão, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal.

O autor da ação pediu o seu enquadramento como jornalista para receber as diferenças salarias previstas nas convenções coletivas da categoria e a aplicação da jornada de trabalho especial de cinco horas.

O jornal contestou o pedido, alegando que ele não poderia ser enquadrado como jornalista por não possuir diploma de graduação na área. Em primeira instância, essa tese foi derrubada com base no Decreto-lei 972/76, que diz não ser necessária a graduação em comunicação social para o exercício da função de jornalista/diagramador.

O jornal recorreu e a juíza Águeda Maria Lavorato Pereira não só manteve a decisão anterior, como acrescentou em seu voto: “esta discussão, aliás, restou superada uma vez que em recente decisão proferida no julgamento do Recurso Extraordinário nº 511961 (em 17.06.09), o pleno do STF derrubou a exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista”.

Ainda cabe recurso ao Tribunal Superior do Trabalho.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Esperando pelo tempero

O blog Pra todo Dya tem o prazer de anunciar um novo colaborador: Auxiliar de Quitutes seja bem-vindo a este espaço democrático para exercer a ira contra o genial magistrado Gilmar Mendes, ou tratar de qualquer outro assunto, do jornalismo à culinária.
O pessoal da cozinha aguarda ansioso o seu primeiro post no Pra todo Dya. Pode começar com uma receita simples, mas queremos seus comentários ácidos e picantes de sempre.
Cadê você?

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Começou a baixaria

Vaga para jornalista em concurso no AM exige apenas ensino médio
Com informações do Portal IMPRENSA
Na última quinta-feira (13), o jornal Em Tempo, de Manaus (AM), publicou uma reportagem supostamente antecipando edital de concurso público para preenchimento vagas na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam). Segundo a matéria, aos cargos de jornalista da Casa será exigido apenas ensino médio educacional. A Assembleia não confirma a veracidade das informações e diz que o edital será publicado apenas no final deste mês.
De acordo com a reportagem, das cem vagas abertas, 40 delas seriam para nível superior. Constam nessa listagem, profissionais formados em cursos como Economia, Medicina, Psicologia, Medicina e Engenharia. Já nos cargos de ensino médio, figuram quatro vagas para jornalistas, ao lado de funções como técnico de manutenção em computadores, assistente técnico administrativo, motorista, garçon e radialista.
Ouvido pela reportagem do Portal IMPRENSA, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Amazonas, César Wanderley se disse "assombrado" com o recebimento da informação. Segundo ele, mesmo sem se confirmar o edital, será agendada, na próxima semana, uma reunião com o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Belarmino Lins (PMDB), para discutir o tema.
Wanderley ainda ressalta que, mesmo com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) -que em 17 de junho derrubou a obrigatoriedade do diploma no Jornalismo - ainda não foi publicado o acórdão sobre o julgamento, o que torna a legislação anterior vigente no momento.
O presidente do Sindicato ainda frisou que o registro profissional deve prevalecer entre os profissionais de imprensa. Até o momento, o Ministério do Trabalho não tem emitido habilitação aos interessados em trabalhar como jornalista. O órgão federal aguarda parecer do Supremo Tribunal sobre a nova legislação do setor para que possa fornecer informações quanto aos procedimentos administrativos a serem adotados.
O diretor de Comunicação da Assembléia Legislativa, Flávio Assen, disse desconhecer a origem da reportagem e garante que a informação não foi repassada por membros da Casa.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Onde foi parar nossa profissão???

NO TODDYNHO...

Para evitar que pessoas brilhantes - como a modelo aí do lado - se tornem jornalistas, havia obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. Antes da intervenção do "genial magistrado GM", no fatídico 17 de junho, claro.
Pelo menos, ao passar por uma universidade, a modelo aí do lado talvez descubra sua real vocação, sem procurar numa embalagem de Toddynho.
Na faculdade, ela vai ser exigida em várias disciplinas, obrigada a cumprir provas, testes, a ler inúmeras obras, estudar sociologia, teoria da comunicação, técnicas de redação e reportagem, vai assistir a aulas de ética, história, e práticas de rádio, televisão, internet e foto. Talvez ela passe em tudo com nota 10 e se torne excelente jornalista, quem é que sabe?
O mais provável é que desista da profissão ou busque, em outra embalagem de Toddynho, algo mais fácil, como.....ser modelo!!!
O fato é que hoje, graças ao GM, ela não precisa passar pela universidade. E sem essa triagem, só Deus sabe quel será o futuro do jornalismo no país.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Caravana do diploma

OAB reafirma apoio à luta pelo resgate do diploma

O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Cézar Britto, reiterou o posicionamento do órgão em favor da qualificação profissional e afirmou que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) é insustentável e que espera que o Congresso Nacional repare o erro. Por solicitação do Deputado Federal Paulo Pimenta (PT-RS), Britto reuniu-se com o parlamentar e diretores da Fenaj na sede da OAB, em Brasília, quarta-feira passada, e fez diversas sugestões para o encaminhamento da luta no Parlamento e na Justiça.
Além de confirmar o posicionamento da Ordem contra o fim do diploma e a solidariedade à categoria, Britto manifestou também apoio da entidade a iniciativas que estão sendo estudadas pelo parlamentar e a Fenaj, como a apresentação de embargos de declaração à decisão do STF. O presidente nacional da OAB lembrou que a entidade tem mantido contatos com o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), com quem discute a PEC para restaurar o diploma que tramita no Senado.
Segundo o Presidente da OAB, o equívoco do Supremo pode permitir que pessoas sem formação e de má-fé, agora registradas, invoquem o sigilo de fonte, prerrogativa exclusiva dos jornalistas. "Do ponto de vista do cumprimento do princípio constitucional a decisão não se sustenta. A sentença do Supremo está sinalizando que qualquer um brasileiro que se apresente como jornalista pode invocar o sigilo de fonte na Justiça em sua defesa", argumentou Britto, com base nos artigos 5 e 220 da Constituição Federal.
O deputado Paulo Pimenta, autor da PEC que tramita na Câmara, acredita que a mobilização pela formação profissional obteve conquista importante com a adesão da OAB em favor dos jornalistas. "É evidente que o STF confundiu o conceito de liberdade de expressão, e essa decisão equivocada, a cada dia, cria impasses para a sociedade e aos jornalistas, que podem levar a um descrédito da profissão", defendeu Pimenta.
A partir deste mês, Pimenta pretende dar inicio à "Caravana do diploma", que percorrerá as faculdades do país inteiro. A ideia inicial é que a cada dia 17 do mês – o diploma foi extinto em 17 de junho – sejam realizadas atividades em um determinado Estado, com objetivo de fortalecer a mobilização social, discutir com alunos e professores e informá-los sobre a tramitação da PEC dos Jornalistas no Congresso Nacional.

* Com informações da Fenaj e assessorias de imprensa do deputado e da OAB

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Diploma pra culpado

Em quem será que vão botar a culpa agora que qualquer cozinheiro pode virar jornalista. O Sarney, por exemplo, tem mordomo marajá, não pode negar pedido da netinha, nepotismo comendo solto, maior falcatrua e ele culpa quem? Quem?
A SENHORA IMPRENSA
Em discurso na tarde desta quarta-feira, o presidente do Senado não só teve
a cara de pau de se declarar inocente das acusações que sofre, como voltou a atacar a imprensa. De acordo com o senador, ele é alvo de uma campanha pessoal da oposição e da mídia.
“Os jornais e a mídia em geral, que eu conheça nunca se concentraram tanto contra uma pessoa como estão fazendo comigo, vasculhando minha vida desde o meu nascimento, e, não encontrando nada, invadem minha privacidade e abrem devassa contra minha família”, afirmou.
Dia desses ele disse nunca ter processado jornalistas. Um breve consulta à Justiça o desmentiu: quatro processos contra colegas/cozinheiros.
Mente que nem sente!

Convites com o Mestre Cuca

Para uma boa feijoada, nada como um Mestre Cuca. Que tem na mão 10 convites para o imperdível:

1º Refeijon
O adeus à lentilha no Réveillon de inverno dos jornalistas/cozinheiros de Santa Catarina

Será no próximo sábado, dia 8, no Kanttum Bar, na cabeceira continental da Ponte Hercílio Luz. Por R$ 20 rola feijoada completa, com direito ao visual e muito som ao vivo. Não é domingueira. É sabadeira!!!
Até sexta, no guichê da editoria de economia do Diário Catarinense.
Mexam-se, cozinheiros!!!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

É essa a Justiça que queremos?

A Justiça brasileira está dando exemplo de como não atuar em termos de imprensa, liberdade de expressão e meios de comunicação. Enquanto o STF acaba com o diploma de jornalista com base na já malfadada "liberdade de expressão", uma liminar judicial contra O Estado de S.Paulo proíbe o jornal paulista de publicar conteúdo sobre a operação Faktor, que investiga Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney.
Mas isso não é censura? E a liberdade de expressão, onde é que fica? Pelo jeito só serve de argumento para desregulamentar uma categoria profissional que incomoda o poder.

Peraí, no setor público vale diploma???

As baleias continuam dando um show a parte no Litoral catarinense. Hoje, mais mamíferos gigantes na costa de Palhoça, na bela praia da Pinheira. Mas o que deixou o Mestre Cuca com a fúria do tamanho de um destes belíssimos animais foi o que leu no site da Fenaj sobre o falecido canudo:

Ministro Carlos Britto diz a jornalistas que
é favor do diploma no setor público

O ministro Carlos Britto disse ao casal de jornalistas Paulo Sousa e Tamires Franci, em um shopping em Aracaju, que é favorável à exigência de diploma de Jornalismo no setor público. Além disso, ele afirmou que no STF "ninguém se vendeu" para acabar com a obrigatoriedade do diploma em Jornalismo para exercer a profissão.
"A nossa decisão foi tomada e vale para todas as empresas de comunicação Agora, é claro que o serviço público tem de ser visto de outra maneira. Como é que a Prefeitura de Aracaju, por exemplo, vai contratar ou fazer um concurso público para jornalista e qualquer um pode participar?", perguntou.
O encontro dos jornalistas foi casual. Depois de ouvir Paulo Sousa dizer que a decisão que derrubou o diploma foi tomada sem embasamento legal, além de considerá-la muito estranha, "mas estranha mesmo", Carlos Britto apressou-se em esclarecer: "Veja só, eu garanto a você que ninguém se vendeu pra dar essa decisão. Nós ministros do Supremo somos independentes, nosso cargo é vitalício. Tenha certeza, ninguém lá decidiu pra agradar ninguém, se decidiu pela liberdade de expressão. Disso vocês tenham certeza."
Os dois jornalistas, que são namorados, encontraram o ministro por acaso em um shopping, e, depois de se apresentarem, iniciaram uma conversa com ele. Disseram logo que estavam decepcionados com a decisão dele e do STF, notadamente com o ministro Gilmar Mendes por ter comparado, "com todo o respeito", os jornalistas com os cozinheiros.
"Eu diria que o Gilmar foi infeliz naquele momento, mas ele não tinha a intenção de ofender nenhum jornalista", desculpou-se Britto, logo depois de dirigir-se aos dois jornalistas em tom paternalista e conciliador: "Paulo Sousa, Tamires, vocês vão ver que a nossa decisão foi acertada. Essa decisão vai fortalecer os jornalistas. O mercado vai absorver vocês, graduados em Jornalismo, ou aquele que não tem nenhuma qualificação específica? Claro que vai escolher os mais preparados, tenham certeza disso."
O jornalista perguntou ao ministro qual foi o seu embasamento para a absurda decisão. Britto respondeu que levou em consideração a liberdade de expressão e nos países em que o diploma não é obrigatório. "A nossa Constituição é clara ao dizer que a liberdade de pensamento, de expressão, é livre. Então, não se justifica exigir diploma porque, caso contrário, você estará impedindo outras pessoas de exercitar a livre liberdade de expressão, entendeu?", perguntou o ministro.
Paulo Souza indagou ao ministro se na época em que morava em Aracaju e exercia a advocacia foi em algum momento proibido de escrever ou falar em veículos de comunicação. "Não, realmente nunca fui proibido", respondeu.

Nós cozinheiros merecemos "outro genial magistrado" como Gilmar Mendes. Este vota por uma coisa e defende outra quando sai para fazer compras num shopping center. Isso é que é discernimento. Com tanto critério só podia estar mesmo na mais alta corte do país!!!



segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Baleias em SC

Depois de vários dias abaixo de chuva - que acendeu o alerta em toda Santa Catarina, massacrada por enchentes no final do ano passado -, a semana começa esplendorosa neste Estado maravilhoso.
Aqui em Floripa, então, não existem palavras suficientes para descrever o belíssimo efeito da luz do sol de inverno refletida no espelho d'água do calmo mar de Itaguaçu, cravejado de pedras de todas as formas e tamanhos. Dá até vontade de fazer poesia. Mas como Mestre Cuca perdeu o canudo, nem jornalista mais é (que dirá poeta), vai se resumir a sua insignificância e dar espaço para quem realmente precisa:

A FRANCA



A beleza é tanta em SC que nem os grandes mamíferos resistem. Uma baleia franca e seu filhote foram avistados no final de semana, nadando no mar do Balneário Ponta do Papagaio, aqui pertinho da Ilha, em Palhoça, como mostra a bela foto do Diego Redel, repórter fotográfico do Diário Catarinense.
As baleias francas escolhem nosso litoral até setembro para acasalar e amamentar seus filhotes. Afinal, a natureza é sábia.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Feijoada sem canudo


1° Refeijon, a Feijoada dos Jornalistas de SC, será dia 8 de agosto




Marque na sua agenda: 08 de agosto, sábado, tem encontro dos jornalistas e agregadores, a partir das 12h, com feijoada e samba no pé. Será no restaurante Kanttum, na cabeceira da Ponte Hercílio Luz, lado continental, em Florianópolis. A sugestão de traje é preto e branco, a organização é do SJSC e jornalistas agregadores e o convite custa R$ 20,00. Informações no Sindicato com Stefanes – (48) 3228-2500.

Voto único


Ministro do STF acredita na volta do diploma de Jornalismo


O ministro Marco Aurélio Mello, único a votar contra o fim da obrigatoriedade do diploma para exercício da profissão, acredita na volta da exigência de formação superior por meio de ação do Legislativo. Em entrevista ao Observatório da Imprensa, ele afirmou que, pela repercussão da decisão, deputados e senadores deverão encaminhar a questão “de acordo com os anseios da sociedade”.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Só uma coisa a dizer: lamentável!

Fonte: Comunique-se

Movimento que defende fim do diploma cria Associação Brasileira dos Jornalistas


Da Redação

O Movimento em Defesa dos Jornalistas Sem Diploma (MDJSD), criado em 2005, fundou no último domingo (26/07), em Brasília, a Associação Brasileira dos Jornalistas (ABJ), que pretende filiar jornalistas diplomados ou sem formação superior na área. A ABJ é presidida por Antônio Vieira, formado em administração de empresas, com especialização em matemática financeira, mas que trabalha como jornalista há 20 anos.

“Já tínhamos articulações pelo fim do diploma e com a decisão do STF decidimos institucionalizar a criação da ABJ, que será aberta a formados e não formados em jornalismo, porque sempre fomos discriminados pela Fenaj”, explica Vieira.

A associação terá representatividade em todo o território nacional, com 43 membros eleitos na Assembléia do último final de semana, além de Vieira na presidência da entidade.

Treinamento de profissionais de outras áreas
De acordo com o presidente da associação, o objetivo é a liberdade de expressão e a capacitação de profissionais de outras áreas interessados em jornalismo. “Uma das nossas ideias é criar um processo de treinamento e formação para pessoas de outras áreas de formação, com técnicas jornalísticas. A BBC de Londres faz isso, pensamos até em contatá-la para ver se é possível uma cooperação”, afirma.

Alex Bezerra, um dos vice-presidentes eleitos, faz uma forte crítica as faculdades de jornalismo, que na sua opinião limitavam a liberdade de expressão. “Agora os jornalistas terão amplo apoio na luta pela liberdade de imprensa e outros direitos dos quais estavam sendo negados pelo cartel das faculdades de esquina que lutaram com seus lobbys para que o diploma fosse obrigatório”, declara.

Além da formação da presidência da associação, a Assembléia aprovou sócios beneméritos e 300 associados, entre diplomados e não diplomados. Os interessados em informações sobre a nova associação devem enviar um e-mail para abj.net@gmail.com.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Jagunços Jamais!!!

Jornalista, cozinheiro ou jagunço? - eis a questão

* Trajano Jardim

O Supremo Tribunal Federal decidiu, em 17 de junho, que, para o exercício da profissão de jornalista, não é obrigatório o diploma universitário. Com essa resolução, qualquer pessoa poderá exercer o jornalismo, mesmo que tenha apenas curso primário. Pior ainda - as empresas poderão contratar, para cargos como o de repórter ou editor, os seus apadrinhados, compadres, protegidos políticos, independentemente do preparo da pessoa para a responsabilidade dessas funções.

Os votos proferidos pelos iluminados senhores da Suprema Corte são uma demonstração de desconhecimento total acerca da profissão de jornalista e do que seja liberdade de expressão. A liberdade de expressão é exercida pelos detentores do oligopólio da mídia, em todos os seus cruzamentos ilegais. O exercício da profissão de jornalista é um direito inalienável daqueles que têm a formação acadêmica para exercê-la, tal qual o senhor Gilmar Mendes e seus companheiros de magistratura, que só podem exercer a advocacia se tiverem formação específica.

A regulação da profissão, ao contrário do que argumentaram os Excelentíssimos Senhores iluminados ministros da Suprema Corte, nunca foi obstáculo a qualquer pessoa, nem mesmo pseudo-literatos que se arvoram em escritores de coluna de jornal. A prova disso é que 90% do conteúdo jornalístico, nos meios de informação, não são elaborados por profissionais do ramo. O questionamento que se apresenta é sobre os profissionais que produzem a notícia.

O que as entidades discutem e defendem é que, para exercer a profissão de jornalista, o indivíduo tenha formação teórica e prática. Teoria que dê, ao profissional, conhecimentos básicos de filosofia, sociologia e ética, além de uma visão humanista do mundo e do meio em que ele vive; prática das técnicas de redação jornalística, de reportagem e de entrevista; princípios de responsabilidade social, compromisso com a verdade, respeito à fonte, compreensão de cidadania e independência de opinião. Todos esses pressupostos são básicos e o jornalista, da mesma forma que o advogado, o médico e outros profissionais, só os consegue no curso de formação.

A decisão do STF revelou o caráter de classe da Justiça brasileira. Não acreditamos que esses senhores, detentores de diploma, que se auto-intitulam cientistas do Direito, donos da verdade e possuidores do conhecimento iluminado dos deuses do Olimpo, confundam liberdade de expressão com direito do exercício da profissão.

Tem razão o senhor Gilmar, relator do processo, na sua afirmação de que o diploma não evitaria danos a terceiros. Da mesma forma, o diploma não livra a sociedade de advogados e juízes que se vendem ao poder econômico. Mas ele se equivoca ao dizer, no seu inusitado voto, que "as notícias inverídicas são grave desvio da conduta e problemas éticos que não encontram solução na formação em curso superior do profissional". Se assim pensa o magistrado, ele advoga o determinismo na conduta do indivíduo e nega o papel da família e da escola na formação do sujeito.

Mendes lembrou que o Decreto-lei 972/69, que regulamenta a profissão, foi instituído no regime militar e tinha clara finalidade de afastar, do jornalismo, intelectuais contrários ao regime. Isso não passa de um subterfúgio de quem descende de latifundiários e jagunços que, no seu conjunto como classe, formou a argamassa social que legitimou o golpe militar de 1964. A ditadura afastou, perseguiu e assassinou profissionais jornalistas que se colocaram em defesa da democracia e contra o arbítrio, como Herzog, Bomfim e tantos outros.

Sete ministros acompanharam o voto do relator, descambaram para a posição subserviente do presidente do STF aos barões da mídia. O relator Mendes nunca negou sua aversão aos jornalistas e órgãos da imprensa independentes. Estes, que têm desnudado as práticas lesivas, à sociedade, do senhor Mendes e sua família, tanto do ponto de vista jurídico quanto do cidadão Gilmar, nas suas escaladas pelo Mato Grosso. Nesse sentido, o que disse Lalo Leal, em artigo publicado na Carta Maior (9/7), tem fundamento: os nobres julgadores "mostraram em seus votos desconhecer a matéria em julgamento".

Com resquícios de preconceito, Gilmar Mendes diz, em seu voto, que a formação em jornalismo é importante para o preparo técnico dos profissionais e deve continuar, nos moldes de cursos como o de culinária, moda ou costura, nos quais o diploma não é requisito básico para o exercício da profissão.

Mais uma vez, o ministro erra de forma deliberada. A formação de jornalista requer que o aluno passe por cerca de 200 princípios curriculares - filosóficos, sociológicos, éticos, morais, antropológicos e técnicos. Vale perguntar, sem qualquer desmerecimento, se, no curso do senhor Gilmar Mendes, na escola de Direito de sua propriedade, o aluno tem essa gama de estudo.

Nesse festival de hipocrisia a que assistimos por força do diploma e das nossas entidades de classe, pudemos sentir de perto o caráter de classe da Justiça brasileira. Esse caráter de classe está inserido em cada voto dos senhores ministros, haja vista a comparação feita, pelo relator, em relação à profissão de jornalista e a outras, justamente aquelas que agregam, em sua maioria, o estrato da sociedade formado pelas camadas mais populares.

Temos o maior respeito por todas as profissões. Cada uma delas é importante no contexto produtivo e de crescimento do nosso país, quando exercida com ética e respeito pelo outro e suas diversidades. Diferentemente do senhor Gilmar Mendes, que, com as benesses do dinheiro público, pode, até mesmo, levar a esposa para comprar cosméticos numa linda manhã de sol de domingo usando a estrutura do Estado - carro oficial, seguranças e outros quejandos.

Perdemos uma batalha, mas não perdemos a guerra. Sabemos combater o bom combate. Embora a grande mídia só abra espaço para os que são contra a obrigatoriedade do diploma (só o Jânio de Freitas teve espaço), não vamos ensarilhar nossas armas. Apesar de insistirem, as ideias plutocratas irão para o monturo das excrescências da lata do lixo. Seremos sempre jornalistas, cozinheiros, marceneiros, psicólogos, operários, nunca jagunços.

* Jornalista e professor

FONTE: FENAJ


segunda-feira, 27 de julho de 2009

Mais do mesmo

Não é que a gente queira ficar se repetindo, mas enquanto continuar a zona que GM provocou na categoria, vamos à exaustão para mostrar tudo o que está sendo feito em prol do nosso querido canudo. Aí vai mais do mesmo:

Está em tramitação na Câmara o Projeto de Lei 5592/09, do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que dá nova regulamentação à profissão de jornalista, informa a Agência Câmara. O parlamentar reafirma a exigência do diploma de jornalismo e o registro profissional como requisitos para o exercício da profissão em empresas de comunicação. Também foram protocoladas Propostas de Emenda Constitucional pedindo a volta da exigência do diploma na Câmara e no Senado.
Em 17/6, o Supremo Tribunal Federal considerou que essa exigência, prevista pelo Decreto-Lei 972/69, não se harmonizava com a atual Constituição. A proposta de Miro Teixeira considera atividade jornalística o exercício habitual e remunerado de atividade intelectual ou de informação em meios de comunicação.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Mais dúvidas

E continuam as dúvidas sobre o verdadeiro impacto do fim da obrigadoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão. O GM - genial magistrado Gilmar Mendes - com certeza não avaliou com a devida importância a profundidade do seu ato, ao tripudiar sobre a categoria profissional. O desleixo coloca em xeque a instituição STF.

Fim do diploma gera dúvidas sobre o direito ao ao sigilo da fonte

Do portal
Comunique-se

Com o fim da Lei de Imprensa, revogada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 30/04 deste ano, o jornalista continua tendo o sigilo da fonte garantido, mas advogados divergem sobre a insegurança jurídica que o fim da exigência do diploma de jornalismo pode causar.

“Mesmo sem disposição legal, a Constituição garante o sigilo da fonte diante do exercício profissional, pelo artigo 5º, inciso XIV. Há sigilo profissional para psicólogos, médicos e advogados”, explica Antonio Paulo Donadelli, especialista em Direito Constitucional pela Escola Superior de Direito Constitucional – ESDC.

O artigo da Constituição diz: “É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”.

Quem é jornalista?
A desregulamentação da profissão gerou dúvidas sobre a abrangência do direito de sigilo da fonte. “A questão é que com o fim da exigência do diploma, a desregulamentação da profissão, quem vai dizer o que é exercício profissional? A quem cabe esse sigilo?”, indaga o advogado Felippe Mendonça, mestrando em Direito do Estado pela Faculdade de Direito da USP, e Membro-Colaborador da Comissão de Defesa da República e da Democracia da Secção São Paulo.

O deputado e advogado Miro Teixeira (PDT–RJ), um dos responsáveis pela ação que pediu a extinção da Lei de Imprensa, discorda que a queda da lei, e da exigência do diploma, tenham causado insegurança jurídica. “Não muda nada, como agora se ampliou muito o direito de sigilo da fonte. Qualquer pessoa que exerça atividade jornalística tem esse direito”, afirma Teixeira, que propôs recentemente um Projeto de Lei pela volta da exigência do diploma de jornalismo.

Trabalho independente
Mendonça explica que existe um vácuo na questão, no caso de jornalistas que escrevem em blogs ou mantêm outro tipo de trabalho independente. “Nesses caso quem pode julgar quem é jornalista ou não? Os juristas irão apelar para o bom senso, mas pelo bom senso se corre muitos riscos”, afirma Mendonça, que leciona com Donadelli o curso A Liberdade de Expressão sem a Lei de Imprensa, pela Escola Superior de Direito Constitucional.

Apesar das discussões, a Lei de Imprensa ainda não é uma resolução no Supremo porque o acórdão, a manifestação de um órgão judicial colegiado, ainda não foi publicado. Diante das dúvidas de profissionais e representantes do setor, o ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, e a Ordem dos Advogados do Brasil, OAB, defendem a auto-regulamentação da mídia.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Um belo caldo!

Como bons conzinheiros, nós, jornalistas, temos feito um belo "caldo" da decisão do STF sobre o fim do diploma. Essa veio direito do Comunique-se:

CUT pede a volta da exigência do diploma de Jornalismo

Da Redação

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) aprovou moção de repúdio ao fim da exigência do diploma de Jornalismo para o exercício da profissão. Reunidos no V Encontro Nacional de Comunicação (Enacom) da entidade, lideranças sindicais aprovaram documento que considera a decisão do Supremo Tribunal Federal uma “irregularidade e irresponsabilidade”.

“Não admitimos a troca da Universidade (instituição secular) pelos barões da mídia. Os critérios técnicos e éticos, apreendidos por estudantes de jornalismo e capazes de formar o profissional jornalista, não mais serão levados em consideração para a seleção de quem formulará a informação no Brasil”, diz o documento.

Para a central sindical, o fim da exigência do diploma abre um “perigoso precedente para que outras profissões tenham suas regulamentações questionadas”.

Leia a íntegra da moção:

São Paulo, 17 de julho de 2009

Moção de repúdio ao fim da exigência do diploma para o exercício do jornalismo

No último dia 17 de junho de 2009, o Brasil recebeu um duro golpe: a mais alta corte do País, o Supremo Tribunal Federal (STF), extinguiu a exigência do Diploma para o exercício da profissão de jornalista. Assim, quem decide agora quem será ou não jornalista são os patrões, que detêm o monopólio da comunicação. Agravando ainda mais a redução da influência dos profissionais sobre a linha editorial dos veículos e ameaçando a qualidade da informação que chega ao conjunto da sociedade.

Essa decisão diz respeito a todas as trabalhadoras e todos os trabalhadores brasileiros, pois se o jornalista hoje perdeu parte de sua regulamentação com a derrubada do inciso que exigia a formação específica (inciso quinto do artigo 4.º do Decreto-Lei 972/69) para o exercício profissional, abre-se um perigoso precedente para que outras profissões tenham suas regulamentações questionadas. O risco está também na possível precarização das relações capital-trabalho.

O cerceamento da liberdade de expressão está caracterizado no próprio voto do ministro Gilmar Mendes. Em seu arrazoado indica que a partir de agora "a autorregulamentação deve ser feita pelas empresas de comunicação". Desse modo, o STF privatiza a liberdade de expressão e de informação no Brasil.

Não podemos aceitar tal irregularidade e irresponsabilidade, uma vez que diuturnamente vemos esses mesmos meios de comunicação produzindo ataques e criminalizando os movimentos sociais e as organizações das trabalhadoras e dos trabalhadores.

Por meio dessa moção, representantes da Central Única dos Trabalhadores, reunidos em São Paulo para a realização do 5.º Encontro Nacional de Comunicação (ENACOM) solidifica a luta por uma liberdade de expressão plena e de alcance de toda a sociedade. Não admitimos a troca da Universidade (instituição secular) pelos barões da mídia. Os critérios técnicos e éticos, apreendidos por estudantes de jornalismo e capazes de formar o profissional jornalista, não mais serão levados em consideração para a seleção de quem formulará a informação no Brasil.

Mas com a decisão do STF, corre-se o risco de tornar a sociedade ainda mais refém dos detentores dos meios de produção da informação. Informação essa que é um direito de todos. O conteúdo, hoje hegemônico, certamente será ainda mais manipulado.

Por isso, os delegados ao 5.º ENACOM, ao defenderem uma mídia democrática e um novo marco regulatório da comunicação, repudiam a decisão do STF e reforçam a luta em defesa do diploma de jornalista para garantir os critérios de responsabilidade social dessa importante profissão, por meio de uma reinserção da formação específica para o exercício do jornalismo.

Dia do Amigo

No dia do amigo, Mestre Cuca deixa de lado o ranço contra o fim da obrigatoriedade do diploma de jornalista - e abafa a vontade de fritar em azeite fervente o "genial magistrado" Gilmar Mendes - para publicar um poema de Vinícius de Moraes, enviado, como não poderia deixar de ser, por uma grande amiga.

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...


Obrigada Sandra, pela lembrança e pelo lindo poema!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Assassino GM

Já está virando um despropósito. Não satisfeito com a transformação de jornalistas em cozinheiros, no fatídico 17 de junho de 2009, o "GM" - genial magistrado Gilmar Mendes - agora quer assassinar a profissão dos músicos. Conforme deu no UOL:

A procuradora-geral da República interina, Deborah Duprat, propôs uma ação no STF para acabar com a regulamentação da profissão de músico. Duprat, que ocupa o cargo até a posse do novo procurador-geral, Roberto Gurgel, pretende que o Supremo considere incompatível com a Constituição a Lei 3.857/60, que criou a OMB (Ordem dos Músicos do Brasil) e estabeleceu requisitos para o exercício da atividade.

A argumentação utilizada na ADPF (Arguição de descumprimento de preceito fundamental) 183 é semelhante a que levou ao fim da exigência de diploma para os jornalistas. Depois dessa decisão, o presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes, afirmou que outras profissões deveriam ser desregulamentadas.

Possivelmente, se depender do GM, só sobrará a profissão de juiz do STF!!!

Merece ser lido - do Blog de Carlos Gerbase

Sobre jornalismo e culinária

Ao contrário de muitos jornalistas formados, não me julguei ofendido ao ser comparado com um cozinheiro pelo Gilmar Mendes. Recebi meu diploma (de jornalista) no dia 31 de dezembro de 1980, depois de quatro anos de estudos na FAMECOS/PUCRS. Fui repórter durante um ano, na Folha da Tarde, escrevi crítica de cinema para diversos órgãos da imprensa e da internet e agora estou aqui, neste blog, onde continuo exercendo o jornalismo. Não tenho diploma de cozinheiro. Na verdade, meus conhecimentos sobre a arte culinária eram bem precários até uns dez anos atrás. Há uma lenda - maleficamente espalhada pelo Giba - de que eu, durante as filmagens de Inverno (1983), descobri que o leite, ao ferver, aumentava muito de volume e podia derramar. Não confirmo, nem desminto. É uma boa lenda.

De qualquer maneira, hoje sei cozinhar. Faço meus risotos, meus peixes, minhas massas, com razoável sucesso de crítica e público. Ao contrário do jornalismo, que me exigiu quatro anos de faculdade, a culinária me exigiu apenas a leitura atenta de alguns livros e muita pesquisa na internet. Basta meio neurônio e meio quilo de paciência para seguir uma receita, se esta for bem escrita e não exigir ingredientes exóticos demais. Cozinhar é, também, uma excelente terapia, com um prêmio adicional (pelo menos aqui em casa): quem cozinha não precisa lavar a louça. É óbvio que um cozinheiro formado, com diploma universitário e alguns anos de estudo, sabe muito mais do que eu. E, sendo um profissional, está capacitado para fazer coisas que eu nem imagino fazer. Mas eu não fugiria da raia num concurso de risotos vegetarianos. Mesmo amador, talvez eu tenha alguma coisa para ensinar.
É óbvio que um cidadão qualquer, com bom domínio da arte de escrever ou de falar, pode contribuir para um jornal, uma rádio ou um canal de TV. Basta que ele domine um assunto - assim como eu domino um risoto vegetariano - para cumprir esse papel de colaborador. Advogados escrevem sobre legítima defesa da honra; médicos, sobre os males do colesterol; físicos nucleares, sobre a bomba atômica; e assim por diante. Mas isso não os transforma em jornalistas profissionais. E meu risoto não me torna um cozinheiro profissional. É preciso separar ofícios (escrever, cozinhar, chutar uma bola), das profissões de jornalista, cozinheiro e jogador de futebol. É isso que o Gilmar Mendes e a turma do Supremo não entenderam.
A exigência do diploma para exercer o jornalismo não impedia qualquer pessoa de expressar-se livremente num jornal ou qualquer outro veículo. É de uma estupidez atroz invocar a liberdade de expressão contra o diploma. O diploma simplesmente separava os profissionais dos amadores. Os que queriam expressar sua opinião, sem qualquer regra, com absoluta liberdade, dos que são obrigados, antes de dar a sua, a fazer entrevistas, pesquisar, buscar o contraditório, conhecer regras, discutir códigos de ética e passar quatro anos em salas de aula e laboratórios, para errar menos antes de dar opinião. Ao cassar o diploma, o Supremo enfraqueceu não um ofício, ou uma atividade. Enfraqueceu uma categoria profissional.
Gilmar Mendes diz que cozinheiros não precisam de diploma universitário. Podem aprender seu ofício como eu: nos livros, na internet, na prática. Ele está certo. Não tenho dúvida que um jornalista também pode fazer isso. A diferença é que, assim como eu, mesmo sabendo fazer risoto, não posso me comparar a um cozinheiro profissional, um advogado escrevendo sobre direito não pode se comparar a um jornalista profissional. Um bom curso universitário é o melhor lugar para se aprender jornalismo no Brasil. A exigência de diploma forçava as empresas a contratar gente com formação específica, e não amadores supostamente talentosos. Com a falência do diploma, em breve deve perder o sentido o registro profissional. Os sindicatos tendem a ficar mais fracos. Os salários, piores. Os textos, mais fraquinhos. As idéias, mais pobres.
Aqui no blog da Casa de Cinema escrevem três jornalistas profissionais - eu, a Luciana e o Giba - e um amador (apesar de ter feitos algumas disciplinas de Jornalismo na UFRGS) - o Jorge. Isso não faz a menor diferença na qualidade dos textos, nem na responsabilidade ética e estética do que cada um publica. Cabe ao leitor julgar a qualidade. O Jorge, aliás, tem se destacada justamente por fazer a crítica da mídia, e faz muito bem.
Mas, caro leitor, se isso aqui fosse um jornal diário, ou um blog de notícias políticas, ou um site de reportagens, garanto que o Jorge seria um colunista eventual, e não um repórter, ou editor, ou revisor, ou diagramador, ou qualquer função que exigisse rotina profissional diária. Não é a praia do Jorge. Já a Luciana poderia fazer as reportagens (fez isso por muitos anos na TV); o Giba poderia revisar, pesquisar, escrever (idem, no rádio); eu poderia ser pauteiro, editor, crítico (idem, no jornal). Estudamos quatro anos para isso. Tivemos professores. Depois experimentamos os desafios diários do jornalismo profissional. Agora fazemos outras coisas, por opção pessoal, mas continuamos aptos. Temos o diploma, que é o símbolo de uma formação específica e um atestado de paciência: ao contrário do Jorge, agüentamos o curso até o fim, convivemos com outros estudantes da área, fizemos provas e aprendemos duas ou três coisas importantes sobre a nossa profissão.
Fazer um bom risoto e escrever um bom texto é uma coisa. Ser cozinheiro profissional ou jornalista profissional é outra. Espero que os milhares de estudantes que neste momento estão fazendo seus cursos de Comunicação, possam - ao contrário de Gilmar Mendes - ver a diferença e continuar acreditando em sua formação universitária. Estudar é a melhor maneira de evitar declarações infelizes como as proferidas por membros da mais alta corte do nosso País. Se Gilmar Mendes cozinha como argumenta, jamais acertará o ponto de um bom risoto.