sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Jornalista de GO que se demitiu ao vivo apresenta gravações que comprovam censura

Gravações apresentadas ao Ministério Público pelo jornalista Paulo Beringhs comprovam que ele foi censurado pelos diretores da TV Brasil Central, administrada pelo governo de Goiás. 

Na semana passada, o jornalista se demitiu, ao vivo, durante a apresentação de seu programa e informou aos telespectadores que fora proibido de entrevistar Marconi Peillo (PSDB0, candidato ao governo do estado que disputa a eleição com Íris Rezende (PMDB), apoiada pelo atual governador, Alcides Rodrigues, e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Há poucos instantes do programa do jornalista ir ao ar, Beringhs foi informado de que deveria cancelar a entrevista com Perillo, marcada para o dia seguinte. O apresentador contra-argumentou dizendo que Íris também tinha sido convidado, mas não compareceu por razões de incompatibilidade de agenda. Então, a entrevista com o candidato oposicionista teria sido cancelada por ordem da chefia da emissora. 

Antes de se demitir, Beringhs teve duas reuniões com representantes da TV. Na primeira, estiveram presentes assessores do presidente da Agência Goiana de Comunicação (Agecom), Marcus Vinícius Faria Felipe, e o diretor comercial da empresa de Beringhs, Luiz Fernando Dibe. Nesse momento, os funcionários da Agecom disseram ao jornalista que a entrevista com Perillo não iria ao ar. 

Segundo informa o site da revista Veja, caso o jornalista descumprisse a determinação, a TV Brasil Central simplesmente não iria veicular a entrevista. 

"Sugeriram que eu tirasse alguns dias de descanso, colocasse programas antigos no ar sobre música e amenidades. A linha deles é claramente tendenciosa a favor de Iris", declarou Beringhs. O jornalista disse, ainda, que depois do incidente a emissora teria ameaçado colocar pessoas de "confiança" na redação para acompanhar a rotina e autorizar entrevistas. 

Um dos orientadores de pauta seria o jornalista Eduardo Horácio, da Rádio 730, segundo Beringhs. 

Já na segunda reunião, ocorrida na casa do jornalista e gravada por ele, contou com a presença de seu colega de bancada na apresentação do programa, Cléber Ferreira, Luiz Fernando Dibe e Reginaldo Alves da Nóbrega Júnior, diretor administrativo da empresa de Beringhs, que presta serviço à TV Brasil Central.

Cléber Ferreira alertou o jornalista sobre as intenções dos diretores da TV. "Eu acho que a determinação é para te tirar do ar. Ou então para chegar e falar para você: "Não, agora vai ser assim", disse Ferreira na conversa gravada. No entanto, no dia em que Beringhs revelou a tentativa de censura, Ferreira negou, no ar, que estivesse a par do acontecido.    


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